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‘Tempos de Barbárie – Ato I’ é pesado e nos faz pensar

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Não haveria título melhor que conseguisse descrever com tanta angustia o momento atual que vivemos no nosso país. Não é só sobre corrupção, nem sobre política ou até mesmo somente sobre violência, o filme tão bem escrito por Marcos Bernstein e Victor Atherino nos abraça com aquilo que há de mais primitivo em cada um de nós, um sentimento obscuro, carregado com todas as sensações que uma atitude sem freios de vingança pode nos proporcionar.

 

O longa conta a história de Carla (Cláudia Abreu) ​​num dia comum com sua filha, elas voltavam para casa de carro quando foram detidas em uma blitz. Rapidamente descobrem que a blitz era falsa e organizada por criminosos. Temendo pela segurança, Carla foge, mas sua filha é atingida por um tiro e entra em coma. Consumida por culpa, ela se juntou a um grupo de apoio contra a violência, porém, o contato com outras vítimas só alimenta seu ódio. Como resultado, ela opta por calar-se e embarcar em um arriscado plano de vingança.

O filme começa revelando informações sobre a violência no Brasil, o que tende a nos levar para um lugar onde ele se quer tem intenção de repousar. Mas é uma crítica bem clara ao desarmamento, embora ele tenha mais interesse em nos soltar em queda livre num poço de desespero sem fim. Nesse lugar onde a mente humana começa a achar muito coerente torturar pessoas em prol da justiça. O sistema é bruto e sem compaixão, a gente sabe, mas quem está por trás desse sistema? Essa é a pergunta, que aqui, tem resposta.

Inicialmente o telespectador imagina facilmente se tratar de um roteiro comum sobre uma mãe em busca de justiça para sua filha, mas logo percebemos que, não dessa vez. O que parecia simples torna-se cada vez mais complexo, a ponto da protagonista considerar atitudes extremas e todas as certezas do dia a dia se convergem para a busca dessa vingança absoluta.

Além da personagem principal, muito bem vivida por ‘Cláudia Abreu’ destaca-se também a ‘Natalia’, interpretada por ‘Julia Lemmertz’, essa é uma defensora do pacifismo. Para ela, o perdão é possível, e ela acredita que as circunstâncias da vida podem levar as pessoas a cometerem atos horrendos, até que ela mesma se encontre em uma situação desesperadora, mostrando que é muito fácil ditar certos princípios se você não está na pele de quem sofre.

Mas quem é realmente o vilão dessa história? O dilema que sustenta todo o argumento cria uma dinâmica muito envolvente, que perdura até o resultado bem pensado como uma sessão extra de terapia.

Temos aqui um filme que não é fácil de assistir, é denso, pesado e cheio de gatilhos para você que está exausto com tanta injustiça, violência e corrupção que ocorre no nosso país. Mas não é um filme somente sobre isso, ele nos questiona, nos faz pensar, e com sorte conseguimos responder a algumas dessas questões.

Tempos de Barbárie estreia no dia 17 de agosto.

Filme

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Distribuição: Downtown/Paris Data de estreia: qui, 17/08/23 País: Brasil Gênero: suspense Classificação: verifique em www.justica.gov.br/seus-direitos/classificacao

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