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Os Estados Unidos oficializaram nesta quarta-feira (17) um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros e aplicaram sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, numa escalada diplomática sem precedentes em 200 anos de relações entre os dois países. A medida foi assinada pelo presidente Donald Trump, que justificou as ações alegando perseguição política contra Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados por parte do STF.

Apesar do tom duro adotado por Trump em declarações anteriores, a medida surpreendeu ao isentar quase 700 produtos brasileiros considerados estratégicos, como suco de laranja, aviões civis, combustíveis, madeiras e peças automotivas. No entanto, carne e café não escaparam das sobretaxas. Produtos já exportados ou em trânsito até 5 de outubro também não serão afetados. Estima-se que cerca de 40% da pauta exportadora brasileira aos EUA ficará isenta.

No mesmo pacote de medidas, Alexandre de Moraes foi incluído na Lei Magnitsky, legislação criada nos EUA para punir autoridades acusadas de corrupção ou violações de direitos humanos. Segundo o governo americano, Moraes estaria promovendo uma “campanha opressiva de censura” e perseguindo politicamente o ex-presidente Bolsonaro. O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou que Moraes atua como “juiz e júri” em uma “caça às bruxas”. O estrategista Steve Bannon chamou a sanção de “punição a Lúcifer”.

A resposta do governo brasileiro veio rápida. Em entrevista ao New York Times, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que trata o caso com seriedade, mas sem subserviência. O Planalto classificou as sanções como um ataque à soberania nacional e anunciou que vai recorrer a tribunais internacionais. A Advocacia-Geral da União deve ingressar com ações nos EUA contestando a penalidade imposta ao ministro do STF.

Na esfera diplomática, o chanceler Mauro Vieira se reuniu com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, mesmo sob pressão de setores ligados ao bolsonarismo. A atitude surpreendeu o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que soube do encontro pela imprensa.

O episódio também gerou reações no meio jurídico. Segundo a colunista Carolina Brígido, o plenário do STF deve ser palco de um ato de desagravo a Moraes nesta sexta-feira. Já Merval Pereira, do Globo, comparou a defesa de Trump aos Bolsonaros com sua própria narrativa sobre o ataque ao Capitólio, em 2021.

Pesquisa da Quaest mostrou que 19% dos brasileiros apoiam o tarifaço, principalmente homens, brancos e de direita. Para a jornalista Adriana Fernandes, embora não tenha havido catástrofe, a crise demonstra o peso das articulações do setor privado brasileiro — e que o pior ainda pode estar por vir.

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