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A Polícia Federal considera os 20 cadernos grandes de brochura e capa dura apreendidos no escritório de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, as provas mais contundentes da primeira fase da Operação Sem Desconto, que apura fraudes bilionárias em aposentadorias e pensões. Conforme revelado pela colunista Malu Gaspar, os documentos trazem anotações detalhadas da secretária de Antunes, apontado como operador do esquema, e indicam repasses regulares de propina a servidores de alto escalão do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Entre os registros mais comprometedores, constam anotações como “Virgilio 5%” e “Stefa 5%”, que a PF interpreta como referências ao procurador-geral do INSS, Virgílio Oliveira Filho, e ao ex-presidente da autarquia, Alessandro Stefanutto — ambos afastados pela Justiça na última semana. Antes, já havia indícios de que Virgílio teria recebido um carro de luxo da quadrilha, mas até então, nenhuma evidência concreta envolvia Stefanutto diretamente.

Em meio ao escândalo, o governo Lula enfrenta pressões crescentes com a nomeação de Wolney Queiroz para o Ministério da Previdência, substituindo Carlos Lupi. Queiroz, ex-deputado do PDT de Pernambuco, é citado por ter assinado, em 2021, uma emenda que afrouxou o controle sobre descontos associativos em benefícios previdenciários — justamente o ponto vulnerável explorado pelas entidades fraudulentas. A medida, aprovada como emenda a uma Medida Provisória, estendeu de um para três anos o prazo para revalidação desses descontos.

Diante da gravidade das revelações, deputados e senadores da oposição articulam a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar o esquema de corrupção no INSS. Até o momento, o requerimento já conta com 211 assinaturas — 182 deputados e 29 senadores. No entanto, a abertura da CPMI depende da leitura do pedido em plenário pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que acompanha o presidente Lula em viagem à Rússia. A oposição optou por uma CPMI após o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), informar que uma CPI convencional enfrentaria fila de requerimentos, limitada a apenas cinco comissões simultâneas.

Enquanto a crise na Previdência se intensifica, o governo também lida com mudanças internas. Na manhã desta segunda-feira, o presidente Lula oficializou a troca no comando do Ministério das Mulheres, substituindo Cida Gonçalves por Márcia Lopes, que já tomou posse. A troca, segundo fontes do Planalto, visa reverter a queda de popularidade do presidente entre o eleitorado feminino — um grupo decisivo para sua eleição em 2022. Pesquisa da Quaest divulgada em abril apontou que a reprovação de Lula entre as mulheres havia ultrapassado sua aprovação.

A sucessão de escândalos e ajustes ministeriais expõe fragilidades na gestão e reforça a pressão sobre o governo para apresentar respostas concretas aos casos de corrupção e à insatisfação popular.

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