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A reforma ministerial começou. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva demitiu a ministra da Saúde, Nísia Trindade, após um período de desgastes e especulações sobre sua permanência no cargo. Primeira mulher a liderar a pasta de maior orçamento do governo, Nísia será substituída por Alexandre Padilha, atual ministro das Relações Institucionais e ex-titular da Saúde no governo de Dilma Rousseff.

A decisão foi oficializada após uma breve reunião entre Lula e Nísia. Nos últimos dias, a agora ex-ministra enfrentou constrangimentos públicos, como saber por meio da imprensa que seria dispensada. Além disso, participou de um evento ao lado do presidente, pouco antes da confirmação de sua saída, para anunciar a incorporação ao SUS, a partir de 2026, da primeira vacina brasileira de dose única contra a dengue. Durante a cerimônia no Palácio do Planalto, Lula evitou citar o nome de Nísia, enquanto a ministra foi amplamente aplaudida pelo público presente.

Nísia Trindade ganhou destaque ao comandar a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) durante a pandemia de Covid-19. Seu perfil técnico foi inicialmente considerado um trunfo para o governo, mas a falta de uma “marca” de Lula na Saúde e problemas na distribuição de vacinas teriam pesado na decisão pela troca de comando.

Padilha, médico infectologista e doutor em Saúde Pública, afirmou que sua missão é fortalecer o SUS e reduzir a fila de espera nos atendimentos. “Esse é o comando ao qual vou me dedicar integralmente”, declarou. Ele também elogiou sua antecessora, destacando seu papel na reconstrução do sistema de saúde após gestões marcadas pelo negacionismo durante a pandemia.

Mudanças no governo

A reforma ministerial também deve atingir outros setores. Gleisi Hoffmann é cotada para assumir a Secretaria-Geral da Presidência, hoje sob comando de Márcio Macedo, que pode ser deslocado para o Ibama ou outra função. Tábata Amaral deve ser indicada para o Ministério da Ciência e Tecnologia, substituindo Luciana Santos, que por sua vez poderia migrar para o Ministério das Mulheres, no lugar de Aparecida Gonçalves. Rodrigo Agostinho, atual presidente do Ibama, deve retornar à Câmara dos Deputados. Para as Relações Institucionais, há especulações sobre os nomes de Sílvio Costa Filho, atualmente responsável por Portos e Aeroportos, e José Guimarães, líder do governo na Câmara.

Análises políticas

Para analistas, a troca de ministros reflete a estratégia de Lula para tentar reverter a queda de sua popularidade. A colunista Dora Kramer apontou que Nísia foi nomeada pelo prestígio acumulado na área da saúde, mas sem a habilidade política e de comunicação exigida pelo governo. “Se esperava que ela tivesse também predicados marqueteiros, Lula equivocou-se de pessoa. Nísia entrou numa fria”, avaliou.

Já Roseann Kennedy destacou que Lula tentou melhorar a imagem da ministra e do ministério por meio de Sidônio Palmeira, marqueteiro e atual ministro da Secretaria de Comunicação, mas a estratégia falhou. “Com a avaliação cada vez pior do governo, derrubá-la passou a ser uma das apostas para tentar dar novo fôlego em pautas populares na Saúde.”

Popularidade em queda

Enquanto promove as mudanças no ministério, Lula enfrenta uma crescente desaprovação. Segundo pesquisa CNT, 32% dos entrevistados avaliam o governo como “péssimo”, enquanto 12% consideram “ruim”. A soma de “péssimo” e “ruim” chegou a 44%, um aumento de 13 pontos percentuais desde novembro de 2023. A aprovação ao governo é de 28,7%, sendo 19,4% de “bom” e apenas 9,3% de “ótimo”.

Com a pressão crescente, a reforma ministerial se desenha como uma tentativa de reação política para conter a insatisfação popular e dar novo fôlego ao governo.

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