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Em 6 de agosto de 1945, a cidade de Hiroshima foi destruída por uma bomba atômica lançada pelos Estados Unidos, matando cerca de 140 mil pessoas até o fim daquele ano. Três dias depois, Nagasaki sofreria destino semelhante. O horror nuclear vivido por essas cidades marcou profundamente o Japão, que renasceu das cinzas com um compromisso declarado com a paz e o pacifismo como parte central de sua identidade nacional.

Hoje, passados 80 anos dos únicos ataques nucleares da história, Hiroshima é reconhecida mundialmente como símbolo de paz. Monumentos, museus e cerimônias anuais mantêm viva a memória da destruição e homenageiam os hibakusha — sobreviventes da bomba — que, ao longo das décadas, transformaram a dor em luta contra a proliferação nuclear.

No entanto, o contexto geopolítico atual da Ásia levanta dúvidas sobre o futuro desse compromisso. Cercado por potências armadas com ogivas nucleares — como China, Rússia e Coreia do Norte —, o Japão se vê diante de um dilema histórico: manter a tradição pacifista ou rever sua postura frente às novas ameaças.

O debate divide a sociedade japonesa. De um lado, estão os que veem o pacifismo como virtude nacional e símbolo de força moral — herança direta das cicatrizes deixadas pelas bombas. De outro, cresce o número de vozes que consideram a postura atual do país “submissa” e defendem um papel militar mais ativo, inclusive com a possibilidade de revisão do artigo 9º da Constituição, que proíbe o Japão de manter forças armadas ofensivas.

O tema se torna ainda mais sensível diante da intensificação dos testes de mísseis pela Coreia do Norte, das tensões em torno de Taiwan e da crescente assertividade da China na região. A aliança militar com os Estados Unidos permanece como pilar da defesa japonesa, mas não é mais vista como garantia absoluta por parte da população.

Enquanto o mundo relembra os horrores de Hiroshima e Nagasaki, o Japão enfrenta uma encruzilhada: manter-se fiel ao legado pacifista que o projetou como símbolo global de superação e paz, ou adaptar sua postura estratégica a um cenário internacional cada vez mais instável e imprevisível.

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