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Em uma medida que promete intensificar as tensões no cenário comercial global, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma ordem executiva para implementar tarifas recíprocas a seus parceiros comerciais. A nova política visa não apenas tarifas diretas, mas também outros instrumentos como impostos de importação, subsídios e práticas cambiais que Trump considera desleais. A medida tem como objetivo corrigir o que o republicano chama de “relações comerciais injustas”, forçando as empresas internacionais a transferirem suas produções para o solo americano. “Se você fabrica seu produto nos EUA, não há tarifas”, afirmou Trump no Salão Oval.

A decisão está prevista para provocar intensas negociações com países cuja economia depende das exportações para os Estados Unidos, com o risco de desencadear uma série de guerras comerciais em múltiplas frentes. Além das tarifas recíprocas, Trump também anunciou que seus conselheiros irão se reunir nas próximas quatro semanas para avaliar possíveis medidas adicionais sobre setores específicos, como o automotivo, farmacêutico e de chips.

Essa ação marca uma mudança drástica na política comercial dos EUA, que tradicionalmente definia suas tarifas por meio de negociações multilateralmente organizadas pela Organização Mundial do Comércio (OMC). A substituição desse sistema por uma abordagem unilateral, determinada apenas pelas autoridades americanas, representa uma reconfiguração histórica, segundo o advogado Timothy Brightbill, especialista em comércio internacional.

De acordo com fontes da Casa Branca, as tarifas serão implementadas de maneira gradual, começando pelos países com os quais os EUA apresentam maiores déficits comerciais. Para Trump, o déficit comercial americano é uma ameaça à segurança nacional, e as novas tarifas poderão ser impostas sem a necessidade de autorização do Congresso, com base no seu poder executivo.

O Brasil, um dos principais parceiros comerciais dos EUA, também será impactado pelas tarifas recíprocas devido à cobrança de uma taxa de 18% sobre o etanol importado. A Casa Branca destacou que, em 2024, os Estados Unidos importaram mais de US$ 200 milhões em etanol do Brasil, enquanto exportaram apenas US$ 52 milhões para o país. O governo brasileiro, por sua vez, reagiu de forma cautelosa, com o vice-presidente e ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, afirmando que o Brasil continuará mantendo um diálogo construtivo com as autoridades americanas.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, por sua vez, se mostrou otimista quanto à possibilidade de negociação, embora tenha destacado que o anúncio das medidas ainda carece de esclarecimentos. “A maneira como estão sendo anunciadas as medidas é um pouco confusa. Temos que aguardar para ter uma ideia do que é concreto e efetivo”, declarou Haddad.

Enquanto isso, a política externa de Trump segue sendo pautada por episódios inesperados, como a recente entrevista de Elon Musk ao lado do presidente, onde seu filho de 4 anos, X, desafiou Trump ao afirmar que ele “não era o presidente” e “precisava ir embora”. O momento inusitado viralizou nas redes sociais, mas não tirou o foco das discussões sobre o futuro da política econômica internacional dos EUA.

Com o cenário global cada vez mais polarizado, as próximas semanas podem revelar os contornos dessa nova fase nas relações comerciais internacionais, com efeitos profundos não apenas para os EUA, mas também para países como o Brasil. A diplomacia e as negociações serão fundamentais para determinar os rumos dessa nova guerra comercial.

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