Lula Critica Ibama por Demora na Liberação de Pesquisa de Petróleo e Sinaliza Reformas Ministeriais

Em uma entrevista à rádio Diário FM, de Macapá, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez duras críticas ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) pela demora na liberação de pesquisas para a exploração de petróleo na região da Margem Equatorial, que inclui a Foz do Amazonas. O presidente afirmou que “não é que vou mandar explorar, eu quero que seja explorado. O que não dá é ficar nesse lenga-lenga. O Ibama é um órgão do governo e está parecendo que é contra o governo”. As declarações ocorreram na véspera de sua visita ao Amapá e geraram repercussão no cenário político nacional.

A crítica de Lula ocorre em um contexto de crescente pressão política, com o governo buscando acelerar a exploração petrolífera na região devido aos ganhos econômicos que a medida pode gerar, além de fortalecer os laços com figuras-chave da política local, como o senador Davi Alcolumbre (União-AP), que reassumiu a presidência do Senado. A Margem Equatorial abrange os estados do Amapá ao Rio Grande do Norte, e o presidente deseja resolver o impasse antes da Conferência do Clima (COP-30), marcada para novembro em Belém.

Em resposta, o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, minimizou a crítica de Lula, destacando que o presidente nunca o pressionou diretamente sobre a questão. Agostinho também comentou que, embora o Ibama realize avaliações técnicas detalhadas, “de tempos em tempos surgem empreendimentos que são emblemáticos e a sociedade toda cobra uma resposta”. No entanto, a Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente manifestou repúdio a qualquer tipo de pressão sobre o trabalho técnico do órgão, considerando-a “inadmissível”.

A postura de Lula foi interpretada como um indicativo de que mudanças podem ocorrer na cúpula do Ibama. Com uma relação estreita com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, Agostinho, que é filiado ao PSB de Geraldo Alckmin, pode ser substituído. O nome de Márcio Macêdo, atual ministro da Secretaria-Geral da Presidência, é um dos mais cogitados para o cargo. Macêdo, biólogo de formação, tem experiência no Ibama e na Secretaria de Meio Ambiente de Sergipe, o que o torna um possível nome forte para a função.

Embora o histórico de Marina Silva, que deixou o cargo de ministra do Meio Ambiente em 2008 após o impasse envolvendo a usina hidrelétrica de Belo Monte, ainda seja uma sombra para o governo, o Planalto aposta na continuidade de sua gestão no ministério. Para Josias de Souza, o fato de Marina Silva ter se eximido da responsabilidade sobre a decisão da exploração na Foz do Amazonas, ao afirmar que a palavra final cabia ao presidente, indicaria que a pressão política está sendo exercida diretamente sobre Lula.

Além disso, o presidente sinalizou que pretende destravar as conversas sobre uma reforma ministerial, com negociações envolvendo políticos como Davi Alcolumbre e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). As mudanças no governo devem começar por petistas ou nomes da cota pessoal de Lula. Entre as possíveis substituições estão Nísia Trindade, atual ministra da Saúde, e Wellington Dias (PT-PI), ministro do Desenvolvimento Social.

A análise política aponta para uma movimentação estratégica do governo, tanto para atender aos interesses econômicos e políticos quanto para consolidar a base aliada em um período pré-eleitoral.