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Histórico: Liga Árabe se une pela primeira vez para exigir fim do controle do Hamas em Gaza

Em um movimento inédito, os 22 países da Liga Árabe se uniram formalmente para exigir que o grupo militante Hamas deponha as armas, liberte todos os reféns ainda sob seu poder e encerre o controle da Faixa de Gaza. A iniciativa, anunciada em uma declaração conjunta, é vista como um marco nas relações políticas do mundo árabe e um novo capítulo nas tentativas de resolução do conflito israelo-palestino.

O documento também condena explicitamente os ataques realizados pelo Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023 — episódios que marcaram o início da atual guerra em Gaza. Segundo o texto, o desarmamento do grupo e a devolução da administração da região à Autoridade Palestina são passos fundamentais para viabilizar a criação de um Estado palestino soberano e independente.

A proposta, amplamente negociada e assinada não apenas pelos membros da Liga Árabe, mas também pelos 27 países da União Europeia e outras 17 nações, sugere que o controle sobre Gaza seja entregue à Autoridade Palestina com o apoio de uma missão internacional temporária de estabilização. A operação seria coordenada pelas Nações Unidas, com autorização da Autoridade Palestina, que atualmente governa parte da Cisjordânia ocupada por Israel.

Reação internacional e significado estratégico

O consenso alcançado entre os países árabes é considerado um divisor de águas na abordagem regional ao Hamas, que há anos governa a Faixa de Gaza de forma autônoma e é classificado como organização terrorista por Estados Unidos, União Europeia e Israel. A unificação das vozes árabes representa um aumento da pressão diplomática e uma tentativa de abrir caminho para uma solução política duradoura na região.

Ao transferir a responsabilidade administrativa de Gaza à Autoridade Palestina e defender uma transição supervisionada internacionalmente, os signatários esperam criar condições mínimas de governabilidade e segurança que permitam retomar o processo de paz e avançar na direção de dois Estados — Israel e Palestina — convivendo lado a lado.

Embora o Hamas ainda não tenha se manifestado oficialmente sobre o pedido, analistas apontam que a mudança no posicionamento da Liga Árabe pode isolar ainda mais o grupo, tanto regional quanto internacionalmente.

Um novo capítulo no Oriente Médio?

A proposta conta com o apoio de uma frente diplomática ampla e inédita, refletindo um alinhamento internacional cada vez mais voltado à estabilização de Gaza e à reconstrução das bases políticas para um Estado palestino. Especialistas avaliam que o envolvimento coordenado das Nações Unidas e o respaldo árabe podem criar uma janela de oportunidade, ainda que estreita, para reduzir a violência e reestruturar a governança local.

Ainda assim, desafios persistem. A transição política na Faixa de Gaza enfrenta obstáculos práticos e ideológicos, como a aceitação do plano por parte do Hamas, a segurança dos civis, o futuro das milícias armadas e a reconstrução de um território devastado por meses de guerra.

O consenso histórico alcançado pelos países árabes, no entanto, sinaliza que o mundo árabe pode estar disposto a assumir um papel mais direto e pragmático na busca por estabilidade regional — mesmo que isso implique pressionar antigos aliados em nome da paz e da viabilidade de um Estado palestino.

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