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Mesmo diante da ameaça de uma crise institucional sem precedentes, governo e Congresso voltaram a sinalizar disposição para retomar as negociações em torno do impasse causado pela derrubada do decreto que elevava as alíquotas do IOF. Nesta semana, ministros do Supremo Tribunal Federal ventilaram a possibilidade de a Corte assumir um papel de mediação entre o Executivo e o Legislativo no embate, ideia que foi bem recebida pelo Planalto.

Na terça-feira, o advogado-geral da União, Jorge Messias, procurou os ministros Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes e o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, para discutir a possibilidade de uma interlocução institucional. No Congresso, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), também demonstrou disposição ao diálogo e se reuniu com o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan. Antes disso, Durigan já havia se encontrado com líderes partidários na Câmara dos Deputados.

Apesar dos esforços para uma saída negociada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva endureceu o discurso e acusou publicamente o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de ter rompido um acordo ao pautar a derrubada do decreto. “Se o governo não entrasse com uma ação no STF, eu não conseguiria mais governar. Cada macaco no seu galho. Ele [Congresso] legisla, e eu governo”, declarou Lula em entrevista à TV Bahia.

A fala irritou Motta, que está em Lisboa participando de um fórum internacional organizado pelo ministro Gilmar Mendes — apelidado nos bastidores de “Gilmarpalloza”. O presidente da Câmara comunicou seu desconforto ao Planalto, o que levou a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, a tentar amenizar o clima, defendendo Motta nas redes sociais.

Gilmar Mendes, por sua vez, assumiu postura de mediador e sugeriu uma “pausa para reflexão” entre os Poderes, reforçando a necessidade de retomada do diálogo institucional.

No centro da disputa, está o argumento de que o governo teria usado o IOF com objetivo arrecadatório, o que é questionado pelo Congresso. A Constituição permite ao Executivo alterar esse imposto, desde que para fins de regulação econômica — e não para aumento de receita.

Enquanto o embate segue sem desfecho, o governo aposta em uma nova estratégia de comunicação: vídeos e materiais nas redes sociais reforçam a tese de que o Congresso protege os mais ricos em detrimento dos mais pobres. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi escalado para liderar esse discurso ao lado do presidente Lula. “Vamos falar português para as pessoas. Vamos aos resultados”, disse Haddad em entrevista recente.

A tensão institucional coincide com uma queda na popularidade do governo no Congresso. Pesquisa Genial/Quaest revelou que 46% dos deputados avaliam o governo Lula de forma negativa, contra 27% com avaliação positiva e 24% regular — o pior índice desde o início do atual mandato.

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