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A morte do advogado criminalista Daniel Keller, ocorrida na última sexta-feira (13), em Salvador, gerou forte comoção entre colegas da área jurídica. Um dos relatos mais tocantes veio do advogado Vinicius Santana Melo, mestre em Direito e atuante na defesa de pessoas hipervulneráveis, que publicou uma carta aberta em homenagem ao colega. No texto, ele faz uma reflexão profunda sobre a solidão na advocacia e no meio acadêmico.

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“A sua partida me atravessa como denúncia. Não apenas como lamento”, escreveu Vinicius. A mensagem, publicada neste sábado (14), não se limitou a homenagear o colega, mas trouxe um alerta sobre o ambiente profissional marcado por distanciamento, protocolos e falta de afeto. Segundo ele, Daniel, antes de ser advogado e professor, era um ser humano “que merecia mais cuidado, mais presença, mais escuta sem pressa”.

Daniel Keller foi encontrado morto em um hotel no bairro Caminho das Árvores. Ele era conhecido por sua atuação em casos relevantes na Bahia, como o julgamento da médica Kátia Vargas, em que atuou como assistente de acusação. Além da prática jurídica, foi professor em instituições como a UCSal, FTC e Ruy Barbosa, e sócio de um escritório especializado em Direito Penal.

Vinicius destacou na carta que o meio jurídico é “cruel, polido, cheio de ritos e reverências, mas cruel”. Segundo ele, os títulos se sobrepõem aos afetos, e o corpo só é valorizado quando produz. Quando não produz mais, torna-se “ruído, desconforto, ausência conveniente”.

A mensagem termina com um pedido de perdão e um apelo por mudança na forma como as relações profissionais são construídas. “Ninguém deveria ser amado apenas quando vai embora. E nenhum ser humano deveria ser esquecido por detrás de seus títulos”, escreveu.

A carta repercutiu nas redes sociais entre advogados, acadêmicos e ex-alunos, que destacaram a coragem de Vinicius ao expor publicamente um incômodo compartilhado por muitos, mas raramente verbalizado.

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