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Com o encerramento das eleições municipais, Brasília já se prepara para um novo embate: a escolha do comando das duas casas do Congresso no início do próximo ano. O atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), anunciou nesta terça-feira seu apoio a Hugo Motta (Republicanos-PB) para a presidência da Casa. Motta, que recentemente recebeu a desistência do presidente nacional do seu partido, Marcos Pereira (SP), agora busca o respaldo oficial do PT e do PL, embora ainda enfrente desafios.

Um dos principais pontos de discórdia é o projeto que propõe a anistia para os golpistas que atacaram Brasília em 8 de janeiro de 2023. O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, condiciona seu apoio à candidatura de Motta à aprovação desse projeto, enquanto o PT se opõe à iniciativa. Lira, em uma manobra estratégica, atrasou a tramitação do projeto ao criar uma comissão especial para sua análise, retirando-o da Comissão de Constituição e Justiça, onde já estava em pauta.

Bolsonaro, buscando consolidar apoio tanto para Motta quanto para a candidatura de Davi Alcolumbre (União Brasil) à presidência do Senado, esteve no Senado e destacou que diversas negociações estão em andamento. Ele reiterou sua defesa pela anistia aos golpistas e a sua própria situação, uma vez que se tornou inelegível devido a decisões da Justiça Eleitoral. “Foi um julgamento político, e estamos buscando maneiras de desfazer isso. A prioridade é o pessoal que está preso; eu sou o segundo plano”, afirmou.

Os membros da bancada petista na Câmara demonstram resistência em apoiar Motta, enfatizando a necessidade de um compromisso claro de sua parte de não pautar o projeto de anistia. “Seria muito delicado se ele pautasse este tema no ano que vem”, disse Jorge Solla (PT-BA). Rui Falcão (PT-SP) também aguarda um posicionamento formal de Motta sobre a questão. O deputado, por sua vez, deixou em aberto a possibilidade de discutir a anistia em 2025, mas ressaltou que o projeto não deve se misturar com a sucessão na Câmara.

Se eleito, Motta, de 35 anos, se tornará o parlamentar mais jovem a presidir a Câmara. Ele já é conhecido por seu bom relacionamento tanto com os colegas da Câmara quanto com o setor privado, apresentando-se como um candidato voltado para o consenso. No entanto, sua ligação com figuras polêmicas, como o ex-deputado Eduardo Cunha e o presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), levanta preocupações.

Em paralelo, a Polícia Federal enviou ao Supremo Tribunal Federal o relatório final do inquérito sobre as responsabilidades das autoridades do Distrito Federal nos eventos de 8 de janeiro. O documento aponta falhas “evidentes” na Secretaria de Segurança Pública, como a “ausência inesperada” do então secretário Anderson Torres, que estava fora do país, e a “falta de ações coordenadas”, fatores que comprometeram a resposta das forças de segurança durante os ataques.

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