O Carnaval deste ano foi ainda mais especial para o Brasil, com a vitória de Ainda Estou Aqui no Oscar 2025. O longa-metragem dirigido por Walter Salles conquistou o prêmio de Melhor Filme Internacional, trazendo para o país sua primeira estatueta nessa categoria. A produção, baseada no livro de Marcelo Rubens Paiva, narra a história real de Eunice Paiva, mãe do autor, que passou quatro décadas buscando a verdade sobre o desaparecimento de seu marido, o ex-deputado federal Rubens Paiva, assassinado durante a ditadura militar.
Walter Salles recebeu a estatueta das mãos da atriz Penélope Cruz e, emocionado, dedicou a vitória a Eunice Paiva, destacando a importância da resistência diante de um regime autoritário. “Esse prêmio vai para ela, Eunice Paiva. E também para as mulheres extraordinárias que deram vida a ela: Fernanda Torres e Fernanda Montenegro”, disse o diretor, reconhecendo o trabalho de duas grandes atrizes brasileiras.
Após a cerimônia, Salles aproveitou para ressaltar o caráter político do filme e a “fragilidade da democracia”, alertando sobre o cenário atual tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. “A memória está sendo apagada como um projeto de poder, e criar memória é extremamente importante. A democracia está se tornando frágil em todos os lugares do mundo”, afirmou, destacando que o momento vivido no Brasil no passado está cada vez mais próximo da realidade presente.
Embora Ainda Estou Aqui tenha perdido nas categorias de Melhor Filme e Melhor Atriz (para Anora e Mikey Madison, respectivamente), a vitória na categoria de Melhor Filme Internacional foi um marco para o cinema brasileiro.
Em um tom descontraído, Fernanda Torres, que foi indicada a Melhor Atriz, cumprimentou Mikey Madison com carinho após sua vitória. A atriz brasileira, que já havia compartilhado seu figurino nas redes sociais, expressou sua alegria pelo reconhecimento de Ainda Estou Aqui com a famosa frase de sua personagem: “Nós vamos sorrir. Sorriam”.
A premiação também viu Anora como o grande vencedor da noite, levando cinco estatuetas, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Roteiro Original, superando Ainda Estou Aqui. Já O Brutalista conquistou prêmios de Fotografia e Trilha Sonora, enquanto Conclave levou o Oscar de Roteiro Adaptado e Kieran Culkin foi premiado como Melhor Ator Coadjuvante.
Entre as surpresas, a vitória de Ainda Estou Aqui foi destacada pela Variety, enquanto a maior esnobada ficou com Diane Warren, que perdeu pela décima sexta vez o prêmio de Melhor Canção.
O Brasil também viu o Flow conquistar o primeiro Oscar da Letônia, levando o prêmio de Melhor Animação, enquanto o documentário No Other Land (Sem Chão), dirigido por um coletivo israelo-palestino, levou a estatueta de Melhor Documentário, com um discurso emocionante sobre a busca por soluções no conflito em Gaza.
A cerimônia, apresentada por Conan O’Brien, teve um tom mais leve e focado nas homenagens aos bombeiros de Los Angeles. No entanto, uma piada infeliz de O’Brien sobre Ainda Estou Aqui não agradou aos internautas.
Apesar de alguns deslizes, a noite foi marcada por um reconhecimento internacional ao cinema brasileiro, celebrando não apenas as vitórias nas categorias, mas também a importância de se manter viva a memória e a resistência em tempos de adversidade.
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