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Israel confirma nova ofensiva no norte de Gaza enquanto cresce pressão por cessar-fogo

Mesmo diante de duras críticas da comunidade internacional — incluindo de tradicionais aliados —, o governo de Israel anunciou oficialmente neste domingo (10) que prepara uma nova ofensiva militar no norte da Faixa de Gaza, com foco na cidade de Gaza. O objetivo, segundo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, é tomar as áreas ainda não destruídas e eliminar os últimos redutos do Hamas na região.

Em entrevista coletiva em Jerusalém, Netanyahu afirmou que os preparativos já estão em curso. “Dada a recusa do Hamas em depor as armas, Israel não tem outra escolha senão terminar o trabalho e completar a derrota do Hamas”, declarou. Segundo ele, os alvos principais são a Cidade de Gaza e os campos centrais, considerados os últimos bastiões da resistência do grupo palestino. “Esta é a melhor maneira de acabar com a guerra”, concluiu.

A resposta internacional foi imediata. O Conselho de Segurança da ONU se reuniu de forma extraordinária neste domingo — algo incomum em fins de semana —, a pedido do Reino Unido, Dinamarca, França e Eslovênia. O tom predominante foi de reprovação. “Esse não é o caminho para resolver a questão, esse é o caminho para mais um banho de sangue”, criticou o representante britânico James Kariuki.

Além das pressões externas, Israel também enfrenta um crescente descontentamento interno. A associação que reúne famílias dos reféns em Gaza anunciou uma campanha nacional por uma greve geral, exigindo o fim da guerra. No sábado, milhares de manifestantes tomaram as ruas de Tel Aviv, pedindo um cessar-fogo imediato e a retomada das negociações para o resgate dos reféns.

A tensão aumentou ainda mais neste domingo com a morte de cinco jornalistas da emissora Al Jazeera, após um ataque israelense em frente ao hospital Al-Shifa, em Gaza. Entre os mortos está Anas Al-Sharif, repórter amplamente conhecido pela cobertura do conflito. Segundo a emissora do Catar, a tenda onde os profissionais estavam foi deliberadamente atacada. Israel confirmou a ação, alegando que Al-Sharif liderava uma célula do Hamas envolvida em ataques a civis e soldados. A Al Jazeera negou as acusações e condenou a morte de seus funcionários. O Comitê de Proteção aos Jornalistas (CPJ) contabiliza mais de 200 profissionais de imprensa palestinos mortos desde o início da guerra, enquanto Israel continua impedindo o acesso de jornalistas estrangeiros e locais à região sitiada.

Netanyahu também negou que haja fome em Gaza, embora tenha admitido dificuldades na distribuição de alimentos. O premiê ainda rejeitou as acusações de genocídio, afirmando: “Se nós quiséssemos cometer um genocídio, precisaríamos exatamente de uma tarde para fazê-lo”.

Enquanto isso, diplomatas do Catar e do Egito tentam finalizar uma proposta de cessar-fogo e resgate de reféns até a próxima semana. Uma delegação do Hamas é esperada no Egito ainda hoje para retomar as negociações. A iniciativa acontece em meio a discussões sobre a evacuação de civis da Cidade de Gaza, prevista para durar três meses.

A analista Dahlia Scheindlin chamou atenção para o endurecimento do discurso do governo israelense, destacando que parte da extrema direita do país considera que a diplomacia com os palestinos está “morta”, apesar dos avanços históricos alcançados por Israel em acordos com países árabes. Para ela, a continuidade da operação militar mostra que, apesar das movimentações diplomáticas, há poucos sinais de que o governo israelense esteja interessado em retomar negociações diretas com o Hamas.

A nova ofensiva, portanto, se desenha como mais um capítulo em um conflito cada vez mais sangrento, que se arrasta sob o peso da pressão internacional, da tragédia humanitária e de uma sociedade israelense dividida entre o desejo de segurança e a urgência da paz.

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