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Na última terça-feira (30), a Universidade de Brasília (UnB) concedeu simbolicamente o diploma de conclusão de curso de geologia ao geólogo Honestino Guimarães, mais de 50 anos após seu desaparecimento. Esta foi a primeira vez na história da universidade que um diploma foi entregue post mortem. A cerimônia ocorreu no auditório da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB), na capital federal.

Honestino Guimarães, nascido em Itaberaí (GO) em 28 de março de 1947, foi o primeiro colocado no vestibular para geologia da UnB em 1965. Contudo, sua trajetória acadêmica foi interrompida em 1968 devido à sua militância contra o regime militar. Guimarães liderou diversos movimentos estudantis e, como resultado, foi expulso da universidade. Sua expulsão ocorreu no mesmo ano em que foi decretado o Ato Institucional nº 5 (AI-5), um marco na repressão política durante a ditadura.

Durante a cerimônia, o diploma foi recebido por Sebastião Lopes Neto, primo e representante de Honestino. A reitora da UnB, Márcia Abrahão, foi responsável pela entrega do documento e expressou desculpas à família de Honestino em nome da universidade, afirmando que a concessão do diploma “simboliza não apenas um reconhecimento acadêmico, como também o compromisso da universidade com a democracia”.

A trajetória de Guimarães foi marcada por intensa militância política. Ele foi eleito presidente do Diretório Acadêmico de Geologia em 1967, ano em que também sofreu sua primeira prisão. A seguir, tornou-se presidente da Federação dos Estudantes Universitários de Brasília (Feub) e, em 1971, assumiu a presidência da União Nacional dos Estudantes (UNE) no Rio de Janeiro. Em decorrência da repressão, ele viveu na clandestinidade até seu desaparecimento.

Honestino Guimarães foi visto pela última vez em 10 de outubro de 1973, aos 26 anos, e seu desaparecimento foi denunciado por presos políticos em 1976. A causa da morte foi oficialmente reconhecida apenas em 1996, quando a família recebeu um atestado de óbito, que, na época, não mencionava a causa da morte. Em 2014, durante o governo de Dilma Rousseff, Guimarães foi oficialmente anistiado post mortem, e o atestado de óbito foi retificado para incluir “atos de violência praticados pelo Estado” como causa da morte.

A concessão do diploma póstumo a Honestino Guimarães representa um ato simbólico de reconhecimento e justiça, além de destacar o compromisso contínuo da UnB com a memória e a democracia.

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